sexta-feira, 11 de maio de 2018

Ensino da língua e a educação no Brasil

Sabemos que o ensino do Brasil precisa de atualizações constantes e o ensino da língua não poderia ser diferente, desse modo faz-se necessário que as escolas de todo o Brasil seja reorientada, para que se possam construir leitores capazes de se expressar por escrito e oralmente de forma bem articulada. Para isso, os professores, juntamente com as direções das escolas, precisam investir em medidas que permitam concretizar novas práticas de ensino. Irandé Antunes (2004, p. 33-34), linguista reconhecida por suas pesquisas sobre coesão e gêneros textuais, afirma: “A reorientação do quadro até aqui apresentado requer, antes de tudo, determinação, vontade, empenho de querer mudar. Isso supõe uma ação ampla, fundamentada, planejada, sistemática e participada (das políticas públicas – federais, estaduais e municipais – dos professores como classe e de cada professor em particular), para que se possa chegar a uma escola que cumpra, de fato, seu papel social de capacitação das pessoas para o exercício cada vez mais pleno e consciente de sua cidadania.” É notório que existe a necessidade da reflexão entre os professores, refletir sobre sua didática de ensino, pensar e elaborar os planos de aula sempre se adequando a realidade da turma, para que dessa forma seja feito um trabalho único e especifico , é necessário por em prática métodos inovadores para que dessa forma se possa sair do tradicionalismo. O Dr. Antonio Nóvoa apresenta o professor pesquisador e reflexivo quando diz que: “O professor pesquisador e o professor reflexivo, no fundo, correspondem a correntes diferentes para dizer a mesma coisa. [...] o professor pesquisador é aquele que pesquisa ou que reflete sobre a sua prática. [...] no fundo, eles fazem parte de um mesmo movimento de preocupação com um professor que é um professor indagador, que é um professor que assume a sua própria realidade escolar como um objeto de pesquisa, como objeto de reflexão, como objeto de análise.” (Entrevista com Antônio Nóvoa) Já sobre a prática educativa, Irandé Antunes sugere como os quatro eixos de ensino podem ser trabalhados, e como esse critério pode contribuir na maior eficiência do trabalho do professor, são eles: escrita, leitura, oralidade e gramática. A prática da escrita permite que os alunos tenham autoria sobre seus escritos, claro que esse texto sempre deve estar contextualizado com o que se passa no ambiente social em que estão inseridos. O eixo de leitura permite melhorar a função comunicativa, entre a escrita e a leitura existe uma relação de interdependência e de intercomplementaridade. Qualquer atividade de escrita deveria, pois, ser convertida em atividade de leitura, como disse Irandé Antunes em seu livro “Aula de Português”. O trabalho com a leitura deve possibilitar aos alunos uma leitura motivada, uma leitura do todo e uma leitura crítica, que permita, também, uma reconstrução do texto. E, principalmente, uma leitura sem cobranças. Uma leitura não só de palavras expressas no texto, ou seja, a totalidade do sentido do texto tem que ser encontrada também. Uma leitura nunca desvinculada do sentido, recebendo orientações sobre como facilitar a compreensão do texto. A gramática pode ser tratada de forma relevante, ou seja, útil e aplicável à compreensão e aos usos sociais da língua. Sempre atentos a linguística para que dessa forma se torne uma gramática funcional, sendo aplicada em textos de diferentes gêneros, e de maneira contextualizada. Uma gramática que seja estimulante, que mostre mais de uma norma, mostrando suas variedades. Uma gramática que seja mostrada como algo acessível aos alunos. A oralidade também é um eixo muito importante para melhorar o trabalho com a língua portuguesa, desde que seja orientado de forma articulada e planejada. Uma oralidade orientada para as suas especificidades, ressaltando os pontos formais e funcionais dos textos orais e escritos permite aos alunos uma melhor compreensão do conteúdo. E, por fim, orientada para desenvolver a habilidade de escutar com atenção e respeito os mais diferentes tipos de interlocutores. Com isso, Irandé (2003, p. 105) nos diz que: “[...] há muito o que fazer nas aulas de português! Todas as implicações pedagógicas acima descritas supõem saberes, supõem conteúdos, o que significa dizer que esses saberes podem e devem ser discutidos em sala de aula, com o apoio de textos e de reflexões consistentes. Com base nesse ponto, pode-se prever que vai faltar tempo para chegar às “funções do QUE” ou para descer às intermináveis classificações dos “termos essenciais, integrantes e acessórios da oração”. Há outras competências mais prementes esperando pela vez.” Mesmo que o sistema de educação do Brasil, tendo passado por várias reformulações a fim de atingir um padrão de excelência, apesar de todos os esforços é possível notar certa distância desse padrão de qualidade que vemos, por exemplo, em países da Europa. Visando melhorar e até criar uma uniformidade na Educação, foi elaborado pelo Governo Federal os Parâmetros Curriculares Nacionais, também conhecido como PCN. E nesse ambiente que surge a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como uma das estratégias estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE) para melhorar a educação, esse sistema atua no ensino fundamental e médio. Muita gente importante se posicionou sobre esse tema como o professor Aldemir Almagro, professor de Novo Horizonte (SP) que teve sua escola referendada pela Fundação Lemann, destacou que a BNCC é fundamental, mas é necessário dar outro passo posteriormente.·. As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais apontam a Língua Portuguesa como componente transdisciplinar, ao afirmar que “o conhecimento próprio da disciplina [..] está além dela” (BRASIL, 2013, p.28). Sobre a importância do ensino de Língua Portuguesa a BNCC nos trás: A meta do trabalho com a Língua Portuguesa, ao longo da Educação Básica, é a de que crianças, adolescentes, jovens e adultos aprendam a ler e desenvolvam a escuta, construindo sentidos coerentes para textos orais e escritos; e a escrever e a falar, produzindo textos adequados a situações de interação diversas, apropriando-se de conhecimentos linguísticos relevantes para a vida em sociedade. (BNCC, 2016. P. 87) A aprendizagem da linguagem oral e escrita é um dos elementos mais importantes na educação permite o individuo ampliar suas possibilidades de inserção e de participação nas diversas práticas sociais. O trabalho com os eixos nesse quesito norteia o professor, lembrando-o sempre de renovar suas práticas pedagógicas. É muito importante estimular a leitura acredita que essa seja a porta para um bom desempenho na oralidade, e na percepção do mundo. O aluno aprende desde cedo a identificar os diversos gêneros textuais e se comunicar com propriedade. Irandé Antunes em seu livro, "Aula de Português" (2003) procura realizar uma análise da situação do ensino de Português e sugere soluções. Um dos eixos analisados é o da gramática. Antunes relata como está o ensino da gramática que é mecânico e descontextualizado. Se as línguas existem para serem faladas e escritas, as gramáticas existem para regular os usos adequados e funcionais da fala e da escrita. Assim, nenhuma regra gramatical tem importância por si mesma. Nenhuma regra gramatical tem garantida a sua validade incondicional. O valor de qualquer regra gramatical deriva de sua aplicabilidade, da sua funcionalidade na construção dos atos sociais da comunicação verbal, aqui e agora. (ANTUNES, 2003. p. 83) Percebemos que existem vários desafios para o professor superar, mas sabemos também é possível uma mudança, afinal o papel do professor não é apenas ensinar, é formar cidadãos. Sobre essa afirmação Paulo Freire nos fala: O educando precisa assumir-se como tal, mas assumir-se como educando significa reconhecer-se como sujeito que é capaz de conhecer o que quer conhecer em relação com o outro sujeito igualmente capaz de conhecer, o educador e, entre os dois, possibilitando a tarefa de ambos, o objeto de conhecimento. Ensinar e aprender são assim momentos de um processo maior – o de conhecer, que implicar reconhecer. ( FREIRE, 2003, p. 47). É importante ressaltar a importância do profissional da educação estar preparado para todos esses desafios, esses profissionais devem ser capazes de solucionar o que estiver ao seu alcance.